quarta-feira, 31 de outubro de 2007

A princesinha e o sapinho (6)








Rebolar na areia



Ah!!! Como é bom passear de mão dada, tomar café, conversar baixinho tipo sussuro e ficar calado sem dizer nada dizendo tudo! Como há silêncios e olhares que transmitem mensagem mais profunda que alguma palavra jamais conseguirá! Fiquemos silenciosos e façamos a leitura bem no interior dos olhinhos arco íris que embora em desvios de olhar fugazes não conseguem esconder o que o coração na realidade sente. Vai coração...fala por mim.... diz que é paixão... tal como diz a canção. Façamos da vida uma canção, um poema constante e continuado, sem fim ou onde o fim seja na realidade o infinito. Olhemos as estrelas mesmo de dia. Elas brilham nos nossos olhos e perdem-se nos nossos lábios silenciosos mas húmidos apesar de sedentos que não de água mas de beijos. Partamos para outro planeta, outra galáxia, ou perante a impossibilidade de tal, construamos um universo só para nós.
A água atrai-nos, afinal isso é normal pois científicamente está provado que a temos em dois terços do nosso corpo. Sem querer, sem saber e quase sem dar por isso, ei-los de novo junto ao mar e à lagoa. Ver as ondas, ouvir a sua batida (não tem a ver com a batida na “carola”, que essa é uma batida ainda maior que a batida das ondas e... bateu forte). O azul imenso matizado de pequenas orlas de espuma branca leva o olhar ao horizonte.
Do outro lado, Sesimbra e Arrábida são uma paisagem escondida na neblina escura que se levanta do oceano. Ontem, noite/madrugada, foi possível ver Cabo Espichel pela luzinha vermelha intermitente que cintilava ao longe qual pirilampo mágico. Hoje, curiosamente sendo dia, esconde-se na neblina. Outras coisas se não escondem por que neblina não existe. É tudo tão claro, límpido e transparente. E areia....muita areia. Areia da praia que convida ao passeio lento e cadenciado lado a lado. Uns passos e uma pequena paragem...mais uns passos e mais uma paragem. A cada paragem acontece o inevitável. Páram por isso ou é isso que os faz parar? Naturalmente, sem pedidos nem sugestões. Embalados pelo ambiente e pela paixão, não precisam dizer nada e tudo acontece.
Mais à frente uma duna cavada pela maré convida a rebolar, mas a areia ainda húmida é impeditiva. Uns passos mais e areia mais seca levam o sapinho e a princesinha a sentar-se e conversar uns momentos calmamente. Nada nem ninguém ao redor nos metros mais próximos. Apenas o rugir das ondas a rebentar na areia da praia. Uma e outra e mais outra numa sequência cadenciada sem cálculos científicos ou intervenção humana. Apenas a força da natureza. Sem se darem conta princesinha e sapinho caiem nos braços um do outro tal como o mar abraça a areia numa sequência cadenciada e a espuma das ondas beija as conchinhas com sofreguidão. Sem cálculos científicos nem qualquer outra interferência a não ser a da adolescência que não é, mas que sentem viva e palpitante.
O sol começa a baixar no horizonte, a noite aproxima-se rapidamente e o país real está cada vez mais vivo que o de faz de conta. A seta do caminho aponta em frente e torna-se imperioso percorrê-lo na sua plenitude, sem atalhos, sem cruzamentos nem escolhos.

1 comentário:

xtoria disse...

Sem mais palavras, apenas repito esta frase como prece..."Façamos da vida uma canção, um poema constante e continuado, sem fim ou onde o fim seja na realidade o infinito."
Espero a continuação da História do Sapinho e da Princesinha cujo final adivinho Feliz.