quinta-feira, 25 de outubro de 2007

A princesinha e o sapinho (3)

O encontro

Essa certamente vai ficar bonita, disse o sapinho mesmo ao lado da princesinha, referindo-se à foto que acabava de ser tirada. Ela não se assustou e reagiu suavemente como se soubesse que ele estava ali. Uniram-se num abraço forte e sentido como se já se conhecessem há muito tempo.
Passearam lado a lado, tocaram-se provocando arrepios e calafrios, sem conseguirem explicar a si próprios o que estava a acontecer.
O sapinho, conhecedor do local, fez de cicerone usando os seus melhores conhecimentos, até históricos, para mostrar o parque. Intencionalmente percorreu apenas os locais mais expostos e menos escondidos.
Juntos descobriram novos locais e sedentos procuraram a água que não havia. Talvez a maior sede nem fosse de água.
Fez-se hora de regressarem, cada qual ao seu local, mas no mundo real como acontecia no faz de conta, tinham dificuldade na despedida.
Curiosamente, é nestes momentos que as palavras faltam e os gestos abundam. Por isso, não admirou que houvesse alguns pequenos gestos de carinho.
Num determinado momento o sapinho teve um avanço gracioso porque uma porta aberta fechava a passagem. Curioso como se pode ficar “encurralada” por uma porta aberta! Sentindo-se “ameaçada”, a princesinha fez uso do seu escudo protector, o qual nunca tinha abandonado em definitivo mas que já baixara significativamente permitindo alguma vulnerabilidade, e o sapinho retrocedeu.
Difícil terminar aquele primeiro encontro , mas a princesinha tinha de regressar ao “castelo” da rainha mãe e o sapinho não consegue o tão desejado beijo que o faria voltar a ser príncipe.
Aquele parque e aquele local em particular, serão de certo no futuro locais recordados pelo significado que passaram a ter nas vidas de ambos. Já com o carro em movimento, a princesinha ainda abre o vidro da porta e um último toque de despedida confirma a necessidade que têm de estar juntos e de se tocarem, ainda que leve e suavemente. Um arrastar de mãos até à extremidade onde a ponta dos dedos se prendem como que entrelaçando-se num compromisso de repetição.
Nada na vida é banal quando se assume que o mais pequeno pormenor pode ser valorizável e significativo.
A princesinha afastou-se e o sapinho caminhou lentamente desejando ter podido parar o tempo de forma a eternizar aqueles momentos.

1 comentário:

xtoria disse...

Pois é, cada capítulo escrito, mais aproxima a princesinha do sapinho...
Mas quando existe esse elo, tão suave e simultâneamente tão intenso,já nada volta a ser como era. A Felicidade existe, sim...